Vereadores questionam e adiam votação de projeto que autoriza o uso de recursos do FTE para manutenção de interceptores

- Vinicius Lousada

Na Tribuna, diversos parlamentares frisaram a importância de preservar o dinheiro que pode ser necessário para garantir a conclusão das obras da Estação de Esgoto; outras duas matérias encaminhadas pelo prefeito foram sobrestadas

Na Sessão Ordinária desta segunda-feira (23/09), os vereadores de Bauru adiaram por duas semanas a votação do Projeto de Lei que propõe a utilização de recursos do Fundo de Tratamento de Esgoto (FTE) para a manutenção de interceptores e para a limpeza das áreas por onde passa a canalização do esgoto (Processo 179/13).

Sandro Bussola (PDT) subiu à Tribuna para questionar a prudência da proposta, já que, neste ano, foi aprovada Lei Municipal que reduziu o percentual do montante arrecadado pelo DAE que é destinado ao FTE, mesmo havendo pendências relacionadas à construção da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) – prioridade do fundo, em seu entendimento.

Endossando a tese de que é necessário preservar o FTE, a vereadora Chiara Ranieri (DEM) pontuou que, caso seja rompido o contrato com a empresa responsável pela obra, o município pode deixar de receber recursos federais para pagá-la, tornando inevitável o uso das verbas do fundo para concluir a construção e instalação de equipamentos da estação.

Coronel Meira (PSB), por sua vez, ponderou que, em setembro, o DAE dispõe de R$ 42 milhões em seu caixa e possui recursos para executar os serviços pleiteados, sem recorrer ao FTE.

O parlamentar advertiu ainda que a manutenção dos interceptores deve ser encarada como atividade rotineira – portanto, essas despesas são classificadas como custeio e não investimento; a que se esperada da destinação de recursos de um fundo, pago pelos contribuintes bauruenses há quase 15 anos.

José Roberto Segalla (DEM) avisou do risco de que o Ministério Público considere ilegal a proposta e sugeriu que a administração municipal consulte as Promotorias que acompanham o assunto, antes de insistir em sua aprovação.

Diante dos apontamentos, o líder do governo, vereador Markinho Souza (PP), solicitou o sobrestamento da matéria, que volta à Pauta do Plenário em duas semanas.

Antes disso, o vereador Mané Losila (PDT) havia frisado a importância da execução dos serviços de manutenção dos interceptores.

Sobre a proposta

O FTE é regido por Lei Municipal e esses tipos de intervenção não estão contemplados nas ações em que o uso do dinheiro é permitido.

Obras da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) e instalações de interceptores são alguns dos casos para os quais a norma autoriza a utilização da verba do fundo – que acumula R$ 160 milhões.

A rede de interceptores de esgoto em Bauru tem aproximadamente 100 quilômetros – a maior parte em meio à vegetação, o que dificulta sua manutenção. Leia mais sobre a discussão do projeto na Comissão de Justiça da Câmara

Apesar do pedido de autorização para uso dos recursos do FTE, o comando do DAE ainda não sabe quanto a execução da limpeza e da manutenção custará, pois ainda trabalha na conceituação do formato das intervenções.

Sobrestamentos

Outros dois processos foram sobrestados na Sessão de hoje: o Projeto de Emenda à Lei Orgânica que passa para o Conselho Municipal de Mobilidade de Bauru a competência de acompanhar e averiguar o cumprimento do serviço de transporte coletivo urbano (Processo 162/19) teve a votação adiada por três semanas.

Atualmente, essa incumbência é do Conselho de Usuários de Transporte de Passageiros do Município de Bauru, que se encontra inativo por falta de membros.

Já a apreciação do projeto que trata da Atividade Delegada foi adiada por duas sessões (Processo 173/19).

O texto pede a revogação do dispositivo legal que exige devida identificação nas vestimentas de policiais militares, civis e bombeiros, por meio de coletes, enquanto estiverem atuando pela Prefeitura, por meio da Atividade Delegada.

A exigência foi posta pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) do estado, como condição para a assinatura de convênio que viabilize a Atividade Delegada em Bauru – suspensa desde o mês de março, quando venceu o compromisso anterior.

Votaram contra o sobrestamento os vereadores Coronel Meira (PSB), Chiara Ranieri (DEM) e Serginho Brum (PSD).

Os dois primeiros alegaram a urgência de que a Atividade Delegada volte a funcionar na cidade.