Vereadores fazem visita técnica ao prédio do HC e se reúnem com direção da FOB-USP

- Vinicius Lousada

Aos parlamentares, foi informado que nenhum paciente será atendido na unidade enquanto não for assinado o protocolo de intenções entre o estado e a universidade; além dos 40 leitos de enfermaria, há estrutura para 21 vagas de UTI que poderiam atender pacientes graves de COVID, mas a medida exige R$ 580 mil em reparos, além da aquisição de respiradores; Comissão de Saúde cobra maior empenho do governo de SP

Vereadores estiveram, nesta sexta-feira (15/05), nas instalações do prédio onde funcionará o Hospital das Clínicas, com o intuito de averiguar os impasses que ainda precisam ser superados para a abertura de 40 leitos de baixa e média complexidade, anunciados com o propósito de ampliar a capacidade do Hospital Estadual para o atendimento a pacientes com COVID-19. No local, o grupo confirmou também a possibilidade de ativação de 20 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

A visita técnica foi agendada pela Comissão de Saúde do Legislativo, representada por sua presidente, Telma Gobbi (PP), e pelo membro Coronel Meira (PSL). Sandro Bussola (PSD) e Chiara Ranieri (DEM) também integraram a comitiva parlamentar, que foi recebida pelo diretor da Faculdade de Odontologia (FOB-USP) e superintendente do Hospital do Centrinho (HRAC), o professor Carlos Ferreira dos Santos.

Aos vereadores, o gestor pontuou que, com o intuito de colaborar, permitiu que as adequações do espaço fossem feitas antes da assinatura do protocolo de intenções entre a USP, ainda responsável pelo prédio, e a Secretaria de Saúde do Estado, que delegará a operação dos 40 leitos de enfermaria à Fundação para o Desenvolvimento Médico e Hospitalar (Famesp), organização social que já atua na rede hospitalar situada em Bauru.

Carlos Ferreira dos Santos foi enfático, entretanto, que a Reitoria da universidade não autorizará a entrada de pacientes até que o instrumento jurídico seja efetivado.

De acordo com o professor, a minuta do documento foi proposta pela USP no dia 4 de maio e não apresenta complexidades, diferentemente do Termo de Cooperação Técnica, que transferiria efetivamente ao estado a posse dos dois prédios atualmente vinculados ao Centrinho - como estabelece Decreto Estadual de 6 de julho de 2018.

O prazo para a formalização desse compromisso, aliás, encerrou-se no dia 30 de março. A minuta foi apresentada pela comissão composta por representantes da USP e da Secretaria de Saúde, mas a assinatura não ocorreu. Um termo desta natureza chegou a ser celebrado em 2019, mas, em julho, foi revogado por vontade de ambas as partes, pois transferiria o Hospital de Base ao chamado "predião" - medida à qual a direção da FOB-USP se opunha.

Carlos Ferreira dos Santos disse ainda dos vereadores que, quando a ativação dos 40 leitos foi anunciada por representante do governador João Doria em coletiva convocada pelo prefeito Clodoaldo Gazzetta, no dia 9 de abril, a universidade sequer havia sido consultada sobre o planejamento. Ainda assim, segundo ele, a reitoria avalizou a proposta, com o intuito de colaborar, e propôs o protocolo de intenções, como instrumento provisório frente o avanço da pandemia.

UTI

Os vereadores conheceram os espaços no quarto e no quinto andares, onde, na verdade, há capacidade para 48 leitos, oito a mais do que os prometidos. E também verificaram que o oitavo andar está estruturado, inclusive com rede de gases, para o funcionamento de 21 leitos de UTI, que, mediante a aquisição de respiradores e monitores, poderiam receber pacientes com sintomas graves da COVID-19.

Problemas de infiltração em paredes e no teto, nos oitavo e nono pavimentos, exigem ainda reparos no prédio, orçados em R$ 580 mil.

"Nós vamos ter que realmente pontuar de maneira firme pela assinatura do protocolo. Falta o governo do Estado assumir o seu papel. Quanto aos leitos de UTI, temos as macas e precisamos dos respiradores. Dá, sim, para montar uma equipe. Sobre os problemas de infiltração, basta liberar os recursos, que são solucionados entre oito e dez dias. Não basta boa vontade", avaliou Telma Gobbi ao fim da reunião.

Junto ao parlamentares Coronel Meira e Luiz Carlos Bastazini (PTB), membros da Comissão de Saúde, a vereadora, que preside o colegiado, oficiou o Ministério Público pedindo a tomada de providências para cobrar a concretização de anúncios do governo estadual, enfatizando a abertura do HC e o envio de respiradores para a ampliação das vagas de UTI no Estadual, referência regional para o combate à COVID-19. Leia mais

Também acompanharam a visita técnica a assistente técnica da Superintendência do HRAC, Cleide Carrara, e o engenheiro clínico Nilton Saggioro.