A poda de árvores para prevenir danos à rede elétrica foi o tema de uma reunião pública realizada na tarde da terça-feira, 30 de outubro, na Câmara Municipal de Bauru. A iniciativa foi do vereador Eduardo Borgo (Novo).
Estiveram presentes o consultor de negócios da CPFL Paulista, Carlos Eduardo Camargo, o coordenador da Defesa Civil de Bauru, Marcelo Ryal, e os vereadores Coronel Meira (Novo), Estela Almagro (PT), Guilherme Berriel (PSB), Junior Lokadora (Podemos), Pastor Bira (Podemos) e José Roberto Segalla (União), além dos vereadores eleitos para o mandato 2025-2028, André Maldonado (PP) e Márcio Teixeira (PL). A secretária do Meio Ambiente (Semma), Gislaine Magrini, foi convidada, mas não compareceu.
Citando o recente apagão na cidade de São Paulo, relacionado a quedas de árvores na fiação urbana devido a tempestades intensas, o vereador Eduardo Borgo buscou se antecipar à temporada de chuvas em Bauru com a convocação da reunião. Segundo ele, o objetivo é atuar de forma preventiva, levantando informações importantes e cobrando do poder público para evitar tragédias.
Com a ausência dos representantes da Semma, a apresentação das ações relacionadas ao tema ficou a cargo da CPFL, concessionária de energia em Bauru.
Ações da CPFL para poda de árvores e arborização segura
O consultor de negócios da CPFL Paulista, Carlos Eduardo Camargo, explicou que a responsabilidade pela arborização urbana, desde sua concepção até implantação e manutenção, é do poder público. Quando a arborização interfere na rede elétrica, deve haver uma atuação conjunta entre a Prefeitura e a concessionária.
Ele destacou que o manejo da arborização urbana visa potencializar benefícios, como a melhoria da qualidade do ar e a regulação da temperatura, além de minimizar os impactos negativos, como riscos de acidentes e danos ao patrimônio público e privado.
Para alcançar esse equilíbrio, é fundamental planejar a arborização, garantindo o manejo adequado e o plantio de espécies apropriadas. A relevância desse tema tem se intensificado com a frequência crescente de eventos climáticos extremos.
Nesse contexto, o representante da CPFL apresentou algumas ações da concessionária em Bauru voltadas para poda de árvores e arborização segura. As podas de livramento, conhecidas como "podas em V", removem galhos próximos à rede elétrica, minimizando impactos negativos enquanto preservam a vegetação. Até setembro de 2024, a CPFL realizou 8.511 podas desse tipo, com previsão de mais 2.800 até o final do ano, representando um aumento de 75% em relação a 2022. As podas rurais também foram intensificadas, com um crescimento de 204% de 2023 para 2024, totalizando 1.848 podas. Em relação ao levantamento arbóreo, a área de engenharia da CPFL identificou 1.393 árvores em estado crítico na cidade, que devem ser avaliadas pela Semma. Após autorização da pasta, a concessionária realiza todo o processo de poda ou remoção, incluindo rebaixamento, recolha de galhos e infraestrutura de calçada. Há também um sistema de compensação, onde para cada árvore removida, três são plantadas (“3 para 1”), com escolha das mudas e locais de plantio a cargo da Prefeitura. A parceria entre a Prefeitura e a CPFL no Programa Arborização + Segura foi renovada, prevendo o plantio de 3.000 mudas de árvores adequadas ao contexto urbano, substituindo gradativamente espécies comprometidas. Por fim, em preparação para o verão 2024/2025, a CPFL traçou uma estratégia de contingência, promovendo reuniões com a Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Semma e o Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente. A empresa também busca fortalecer a resiliência da rede, com ações que incluem a construção de redes mais robustas e monitoramento constante do tempo.
Debate paralelo: críticas à ausência da Secretária Municipal
Antes de iniciar o tema do encontro, o vereador Eduardo Borgo criticou a Prefeitura pela não presença da secretária do Meio Ambiente, Gislaine Magrini. Embora não seja obrigatória, a presença da secretária seria um gesto de respeito e comprometimento com um debate de relevância pública, segundo ele.
A vereadora Estela Almagro apoiou Borgo, acrescentando que a prefeita Suéllen Rosim (PSD) só se atenta a prazos quando lhe convém. Ela lamentou a falta de contrapartidas do Poder Executivo em relação à agilidade nas análises de projetos pelas Comissões Permanentes da Casa de Leis, enquanto não faz concessões para participar de Reuniões Públicas. "É um tema relevante e lamentamos a ausência do Governo", afirmou.
Diversos presentes também expressaram sua insatisfação com a ausência da Semma.
Sugestões e encaminhamentos
Durante a apresentação, vereadores e demais participantes levantaram questões e sugestões sobre o tema. Discutiram a necessidade de um plano municipal de arborização, a realização de um inventário arbóreo, a importância de legislação que estabeleça espécies adequadas para plantio e a possibilidade de transferência da fiação urbana para o subterrâneo, além da criação de uma “Câmara Verde" para dar continuidade às discussões.
Ao final, o vereador Eduardo Borgo anunciou que convocará uma Audiência Pública em até 30 dias, visando a presença da Prefeitura para apresentar suas ações. Ele criticou a postura do Poder Executivo, já que a temporada de chuvas terá iniciado até o próximo encontro: “Se algo acontecer nesse meio tempo, como a queda de árvores, vamos cobrar”, alertou.