Com 'Comitê pelo Clima', Comissão de Meio Ambiente levanta planejamento do município contra novos incêndios em áreas de vegetação

- Vinicius Lousada

Participaram da reunião o secretário do Meio Ambiente, o diretor do Jardim Botânico, o coordenador da Defesa Civil e representante do Corpo de Bombeiros; após episódio de 5 de outubro, plano de contingência está sendo elaborado

As consequências do incêndio que destruiu 92 quilômetros quadrados em áreas de Cerrado do Jardim Botânico de Bauru e as ações que vêm sendo planejadas para evitar novos prejuízos ambientais de tamanha proporção foram pauta de reunião da Comissão de Meio Ambiente da Câmara Municipal, na manhã desta quarta-feira (13/11).

As autoridades locais informaram que está em fase de elaboração o “Plano Municipal de Contingência para Incêndio em Áreas com Cobertura de Vegetação”.

Conduzida pela vereadora Telma Gobbi (Solidariedade), presidente do colegiado, a agenda é resultado de reivindicação do “Comitê pelo Clima – Bauru”. Representaram a organização Caio Dias Garrido e Isabela Otani.

A convite da comissão, participaram da reunião o secretário municipal do Meio Ambiente, Airton Martinez; diretor do Jardim Botânico, Luiz Carlos de Almeida Neto; o coordenador da Defesa Civil, Rogério Gago; o servidor Hidelbrando Zanini; e o tenente Vinícius Alexandre Burin, do Corpo de Bombeiros.

O plano

O plano municipal está sendo elaborado a partir de diretrizes da Fundação Florestal, ligada ao governo de São Paulo.

Na reunião, os membros do “Comitê pelo Clima” foram convidados pelo coordenador da Defesa Civil a participar do processo de formação, com adequações para a realidade local.

Rogério Gago adiantou, entretanto, a proposta de compra de drones para o monitoramento das áreas de vegetação – já encaminhada pela Secretaria do Meio Ambiente (Semma), mas com impasses no processo licitatório.

O município também pretende, por meio da Defesa Civil, licitar o serviço de locação de aviões utilizados na agricultura que ajudem no combate a incêndio, dispersando água sobre as áreas afetadas.

Segundo o coordenador da Defesa Civil, Bauru já contou com esse respaldo ao longo de dois anos da gestão Rodrigo Agostinho.

Sem EPI

Durante a reunião, foi dito ainda sobre a formação de 22 brigadistas - servidores de diversas pastas da administração municipal.

Na ocasião do incêndio de 5 de outubro, entretanto, o grupo não pôde atuar porque não havia Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para seus membros.

Estrutura

Diretor do Jardim Botânico, Luiz Carlos de Almeida Neto garantiu, porém, que o parque dispõe de um caminhão-pipa, acionado em ocorrências com fogo em vegetação.

Há também protocolos definidos para o acionamento do Corpo de Bombeiros, da Defesa Civil e outras secretarias municipais.

No dia do incêndio na área do parque, no entanto, todos esses órgãos estavam empenhados no combate ao fogo em uma cooperativa de recicláveis. “Tinham que dar prioridade porque esse foco estava no meio do bairro”, pontuou.

A demora para a mobilização de estrutura capaz de combater o incêndio, associada ao tempo seco e o vento, foi crucial para que o incêndio tomasse proporções tão grandes, segundo o diretor do Botânico.

No dia 5 de outubro, o equipamento utilizado para lançar água sobre as chamas por helicóptero também estava em manutenção em São Paulo.

Prejuízos

Sobre os danos à fauna, Luiz Carlos de Almeida Neto afirmou que, após o fim do incêndio, foi possível encontrar carbonizados os corpos de dois roedores (paca e/ou cotia), um sagui e uma cobra. “Os ninhos de aves a gente não consegue identificar”.

Sobre a regeneração da mata, ele afirmou que, no caso do cerrado, estudos apontam que a regeneração espontânea é mais eficaz que o plantio de mudas.

Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp-Bauru) foram acionados e estão cooperando na definição de estratégias.

Experiência semelhante ocorreu em 2008, quando um grupo de sem-terra deixou a área de mata do Jardim Botânico depois de duas décadas de ocupação irregular, que comprometeram 30 hectares de vegetação.

Responsabilidades

As autoridades presentes esclareceram que as responsabilidades e os fatores causadores do incêndio estão sendo investigados pela Polícia Civil.

Foi, entretanto, unânime o entendimento de que a origem do fogo foi provocada por intervenção humana, embora não seja possível atestar a existência de dolo.

O diretor do Botânico frisou que a área de vegetação do parque é suscetível por estar cercada por ocupações urbanas.

Secretário do Meio Ambiente, Airton Martinez reconheceu a existência de falhas técnicas, mas reiterou o compromisso da administração municipal com a causa.

Ao final do encontro, a vereadora Telma Gobbi disse estar satisfeita com as colocações apresentadas, reforçou a importância de que as ações propostas sejam executadas e, ao “Comitê pelo Clima”, deixou aberto o canal de diálogo permanente com o Poder Legislativo.