Chiara Ranieri aponta desafios na necessidade de votar matérias estruturantes em 2020 com enxuto prazo para discussões

- Vinicius Lousada

A parlamentar atribui o impasse à morosidade do Executivo, que submeterá tardiamente à Câmara matérias complexas e de amplo alcance, como o Plano Diretor e a Lei de Zoneamento

A vereadora Chiara Ranieri (DEM) alerta para a grandeza dos desafios que serão lançados à Câmara Municipal de Bauru em 2020, quando, em sua avaliação, serão cobradas com maior ênfase respostas a questões estruturantes, que haviam sido elencadas como prioritárias ainda nas eleições de 2016, mas que estão sendo tardiamente pautadas pelo Poder Executivo.

“Não foi feito nada pelo desenvolvimento da cidade. A região está atraindo investimentos, o que é positivo, mas as empresas continuam saindo de Bauru. E a revisão do Plano Diretor e da Lei de Zoneamento sendo feitas só agora pesam contra nesse contexto. São matérias que temos que resolver, mas o primeiro Fórum de discussão ainda vai acontecer”, pontua.

Chiara afirma que o Poder Legislativo deve se fortalecer para responder à altura o que chama de “modus operandi” do prefeito Clodoaldo Gazzetta – em atribuir à Casa de Leis a responsabilidade pela lentidão das ações cuja iniciativa são de exclusividade do Executivo.

“A gente vai precisar se defender e trabalhar assertivamente, porque o discurso dele está pronto. Assisti a uma entrevista do prefeito para a TV Câmara. Tudo vai depender da Câmara. Me preocupa que a lentidão do governo nos tire o tempo de análise e amadurecimento de discussões tão importantes. O Plano Diretor deveria ter sido revisto em 2018. Para se ter uma ideia, o Plano em vigor levou dois anos para tramitar por aqui. De que forma faremos, agora, sendo algo tão complexo, que coloca em confronto tantos interesses?”, pondera.

Desafios à parte, ela reitera a importância de superá-los, justamente em razão de distorções que precisam ser sanadas. No caso do Zoneamento, cuja legislação em vigor data de 1982, ela fala de empreendimentos comerciais que não são autorizados, mesmo estando cercados por outras empresas do mesmo ramo.

“Vamos ser cobrados na eleição. De qualquer forma, vamos ter que participar e votar isso”, afirma, referindo-se às matérias que sequer ainda foram enviadas à Câmara.

Na mesma linha, Chiara Ranieri cita os imbróglios da iluminação pública e do lixo. Para o segundo tema, ela convocou Audiência Pública para as 8h30 do dia 21 de janeiro (terça-feira).

“São temas muito sensíveis, que as pessoas podem não compreender, com riscos de que tenhamos uma cidade insatisfeita, inclusive em razão dos sinais de que novas taxas podem ser instituídas”, pondera a vereadora.

Educação e Saúde

Chiara Ranieri adianta que intensificará as cobranças nas áreas de educação e saúde, cujos problemas, afirma, são os que mais afetam quem precisa de serviços públicos.

“Foi colocado que a Saúde seria o grande diferencial da gestão, mas quais soluções foram dadas em três anos? Não se fala mais em assumir o Hospital de Base, mas o Pronto-Socorro Central continua do mesmo jeito. O Pronto-Atendimento Infantil segue fechado. Vamos ter que pegar firme”, aponta.

Na Educação, ela afirma que todas as obras que serão entregues nos próximos meses, com exceção da EMEF Santa Maria, são decorrentes de projetos do governo anterior.

“A falta de vagas não foi resolvida. Também não se deu solução para as necessidades de reformas nem mesmo de pequenos reparos nas unidades de ensino. Nem a capinação para a volta às aulas foi contratada a tempo”, elenca a parlamentar.

Infraestrutura

Crítica à proposta de financiamento pleiteada pela administração, ela disse esperar que, com a aproximação do prefeito do governo do estado, a partir de sua filiação ao PSDB, o município obtenha recursos para viabilizar obras de drenagem.

“Quando assumiu, disse que sairiam com recursos de emendar parlamentares, que também não chegaram”, frisou a parlamentar.

Chiara critica ainda a inexistência de projetos e conceitos bem definidos para as melhorias nos distritos industriais e para a revitalização do Centro.

“Trocar a calçada não dará vida àquela região. E em relação ao empréstimo, não dá para deixar dívidas para o próximo. Cada gestor tem que fazer o que está dentro de seu alcance”, conclui, citando ainda gargalos na Emdurb, do DAE, na Cohab e a paralisia nos programas de habitação para as pessoas que ainda não têm moradia.