Novo prédio para o Centro de Referência em Moléstias Infecciosas é tema de Audiência Pública

- Assessoria de Imprensa

O encontro contou com a presença de servidores públicos da Secretaria de Saúde e dos Conselhos Municipais; Principal tópico em discussão foi a liberação do local onde o novo prédio do CRMI deve ser construído

A Câmara de Bauru promoveu uma Audiência Pública, nesta terça-feira (14/12), para discutir sobre o Centro de Referência em Moléstias Infecciosas (CRMI).

O encontro foi uma iniciativa dos vereadores Pastor Bira (Podemos) e Junior Lokadora (PP) e contou com a presença dos parlamentares Guilherme Berriel (MDB) e Mané Losila (MDB).

A audiência contou ainda com a presença do deputado estadual, Sargento Neri (SD); do vice-prefeito e secretário de Saúde, Orlando Costa Dias; do secretário de Meio Ambiente, Levi Momesso; da diretora do Departamento de Urgência e Unidades de Pronto Atendimento (Duupa) da secretaria de Saúde, Alana Trabulsi Burgo; da diretora do Departamento de Unidades Ambulatoriais da Secretaria Municipal de Saúde, Lucila Bacci; da diretora da divisão de Unidades de Referência da secretaria da Saúde, Cristiane Aparecida Carlos da Silva; da médica infectologista do Centro de Referência de Moléstias Infecciosas (CRMI) da secretaria de Saúde, Maristela Pastore de Oliveira; da coordenadora do Programa Municipal de Infecção Sexualmente Transmissíveis (DST/AIDS), Josiane Carrapato; dos representantes do Conselho Gestor do Centro de Referência em Moléstias Infecciosas (CRMI), Islaine Maressa Lira Pelegrina (gestora), Luana Leon Precidone (usuário) e Tânia Mara de Souza da Costa (nutricionista do CRMI); do Conselho Municipal de Saúde, Marcela da Silva Santos Camargo (1ª secretária) e Rosemary Lopes de Moura, e do representante do Conselho do Município, Raeder Puliesi.

Convidadas para o encontro, a prefeita de Bauru, Suéllen Rosim (Patriota), e a diretora da Divisão Regional de Saúde de Bauru (DRS-6), Fabíola Leão Soares Yamamoto, não participaram das discussões.

Discussão

O vereador Junior Lokadora (PP), um dos solicitantes da Audiência Pública, agradeceu a oportunidade de discutir o tema.

O outro parlamentar que solicitou o encontro, Pastor Bira (Podemos), leu um pequeno histórico do Centro de Referência em Moléstias Infecciosas (CRMI). Para ele, um dos objetivos do encontro era tornar públicas as dificuldades que o Centro enfrenta há pelo menos uma década.

O secretário de Saúde, Orlando Costa Dias, classificou o órgão como “um oásis dentro da Secretaria de Saúde” pela eficiência e relevância dentro da Pasta. Contudo, apontou que, apesar do trabalho qualificado com profissionais de referência, a falta de um prédio adequado para a realização das atividades é um fator que dificulta a prestação de serviços.

O secretário explicou que, desde o início da gestão municipal em janeiro, trabalha para conseguir essa nova localidade, mas que a morosidade e burocracia travam o processo, por isso espera contar com o auxílio da Câmara para “catapultar” o projeto.

A diretora do Departamento de Urgência (Duupa) da secretaria de Saúde, Alana Burgo, comentou que o serviço é muito relevante para os usuários, apesar da falta de estrutura. Assim como Orlando, ela expressou o desejo por ajuda dos parlamentares.

A médica infectologista, Maristela Pastore de Oliveira, do Centro de Referência de Moléstias Infecciosas (CRMI), agradeceu o espaço para discussão. Ela concordou com as falas de Orlando e Alana e acrescentou que o trabalho é de excelência. “Nosso trabalho em nada perde para as grandes cidades do estado”.

A administradora do Conselho Gestor do CRMI, Islaine Maressa Pelegrina, pediu maior reconhecimento da qualidade do serviço prestado pelo órgão. “Nós gostaríamos que o nosso trabalho fosse valorizado em nosso município com melhores condições de trabalho”. Já a diretora da divisão de Unidades de Referência da secretaria da Saúde, Cristiane Aparecida Carlos da Silva, ressaltou a importância de um novo prédio apropriado para a prestação dos serviços. “Precisamos dessa estrutura física adequada para dar continuidade ao trabalho”.

A coordenadora do Programa Municipal de Infecção Sexualmente Transmissíveis (DST/AIDS), Josiane Carrapato, comentou que o novo prédio é um sonho para a equipe e espera que seja concretizado.

A primeira secretária do Conselho Municipal de Saúde, Marcela da Silva Santos Camargo, elogiou o trabalho desenvolvido por Luana Precidone no Conselho Gestor do CRMI e também dos servidores do órgão. “A gente sabe da luta dela em relação às melhorias estruturais da unidade e sabe também que a equipe que trabalha lá é uma equipe maravilhosa, que faz tudo com muito amor e dedicação”.

A nutricionista do Conselho Municipal de Saúde, Tânia Mara de Souza da Costa, agradeceu a oportunidade e explicou que, por todos os anos de trabalho no Centro, se sente parte integrante da luta por melhorias. “Me sinto participante desta luta de um espaço novo e mais adequado para o nosso atendimento”.

A paciente do CRMI, Luana Leon Precidone, citou que é usuária do serviço há 18 anos e por ter muita experiência com os atendimentos prestados, chamou a atenção para as deficiências não só do CRMI, mas da Saúde bauruense como um todo. “Vocês [vereadores] precisam olhar com mais delicadeza para a saúde de Bauru no sentido de ver a falta de recursos humanos. A saúde de Bauru tem um desfalque muito grande”. Luana explicou que se sente otimista ao acreditar que a liberação por parte governo estadual para a construção do novo prédio do Centro de Referência vai ser alcançada.

A representante do CRMI, Rosemary Lopes, comentou que a iniciativa da Audiência Pública é pertinente, já que a época chuvosa já começou e há risco de alagamentos e infiltrações no prédio do Centro. Ela ainda questionou o secretário de Saúde sobre a possibilidade de uma reforma emergencial ou até uma mudança de prédio antes do final da construção do novo local.

O secretário Orlando respondeu que uma reforma é inviável porque seria como “consertar um carro velho”, mas que junto à Secretaria de Obras é possível fazer pequenos reparos para que a água não entre no prédio até que a nova unidade esteja pronta.

Após as exposições iniciais, a diretora do Departamento de Unidades Ambulatoriais da Secretaria Municipal de Saúde, Lucila Bacci, fez uma apresentação e explanação a respeito da dinâmica e do funcionamento do Centro. Ela explicou que o orçamento do CRMI é apertado, já que os custos com recursos humanos giram em torno de R$ 2 milhões por ano, apesar do repasse estadual ser de apenas R$ 450 mil a cada ano. O órgão conta também com repasses municipais, o que permite o atendimento do grande número de demandas: de janeiro ao fim de novembro deste ano, foram realizados quase 8 mil atendimentos em áreas como infectologia e ginecologia para o tratamento de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).

Lucila ainda apontou as dificuldades de infraestrutura, como a falta de espaço físico para a armazenagem de prontuários e medicamentos. Bacci disse que, apesar do prédio ter passado por reforma há 3 anos, ainda há infiltração. A diretora informou que a previsão para a construção do novo prédio de mil metros quadrados, que será atrás do terreno do hospital Manoel de Abreu, é de R$ 3 milhões. Ainda está previsto que a Universidade Nove de Julho - Uninove arque com os custos da construção do local, ficando a mobília e equipamentos necessários a cargo do governo municipal. Segundo Lucila, o projeto que seria a parte mais complicada já está pronto, sendo necessário somente o aceite da Secretaria Estadual de Saúde para que as obras sejam iniciadas.

O deputado estadual, Sargento Neri (SD), apontou que não há custo de construção para o Estado, o que seria um ponto positivo para o aceite. Ele concordou com a necessidade de um prédio mais adequado para os pacientes e apontou que a demora para a aceitação do projeto não se refere a recursos. “Falta vontade política para se realizar o trabalho”. Ele informou que fez a solicitação de audiência para o presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) para que o projeto seja discutido e aprovado o mais rápido possível. Segundo ele, há possibilidade que o pedido seja atendido até o final da semana. “Não podemos admitir que o governo trave um trabalho tão bonito”.

Lokadora agradeceu o deputado por ter “entrado nesta briga”. O vereador Guilherme Berriel (MDB) confessou que não conhecia o serviço, mas garantiu que vai fazer o que for necessário para que o novo prédio saia do papel. Pastor Bira comparou a demora para o prédio sair do papel por conta do governo estadual com um jogador de futebol que está em frente ao gol e pronto para o chute, mas com a falta da trave para que possa chutar.

A infectologista Maristela respondeu as dúvidas dos parlamentares sobre a melhor localização do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), que realiza testagens gratuitamente de ISTs para a população. Segundo ela, é comprovado que o paciente precisa de privacidade, sendo melhor a separação de outros Centros e Unidades de Saúde para evitar a exposição do usuário.

A representante do CRMI, Rosemary, perguntou sobre a possibilidade de demolição e construção do novo prédio na localização atual do Centro. Ela ainda questionou se há a possibilidade do descarte de prontuários físicos após a digitalização, o que poderia liberar o espaço físico em unidades.

O secretário de Saúde explicou que não há possibilidade de construção no mesmo local, o que seria muito trabalhoso e dispendioso para a Pasta por haver a necessidade de transferência dos serviços para outro imóvel. Ele apontou que a digitalização vai ser feita com o tempo, mas que atualmente não pode investir recursos da Pasta no processo que é caro.

A gestora do CRMI, Islaine Maressa, ressaltou que a localização do novo prédio atrás do terreno do hospital Manoel de Abreu é “a única proposta mais adequada para nós até agora. Não é uma coisa que estamos pensando de ontem para hoje”. Ela citou que um espaço próprio não representa um luxo e sim uma necessidade do atendimento e para a valorização do funcionário público.

O vereador Berriel questionou se o secretário de Saúde do município havia tentado contato com o secretário estadual de Saúde para discutir a liberação do espaço. Orlando respondeu que houve tentativas de sua parte, mas destacou a dificuldade de contato com o gestor da Saúde estadual.

Pastor Bira ressaltou a necessidade de um trabalho mais rápido para que o prédio seja concretizado. Ele ainda apontou a falta de vontade política por parte do estado para que o novo espaço saia do papel, se mostrando decepcionado por um assunto tão sério ser tratado com lentidão pelo Executivo estadual. "É empatia e autoestima tanto do paciente quanto do servidor. Precisa ser uma pauta de todos nós”. Berriel concordou e apontou o travamento da administração pública com a burocracia. “Tudo é difícil, tudo é burocrático”.

Pastor Bira sugeriu um terreno apontado por um munícipe perto do Isaura Pitta Garms para ser o local da construção do novo CRMI. Berriel também apontou a possibilidade de divisão do terreno do Recinto Melo de Moraes. O secretário Orlando respondeu que prefere tentar mais um pouco a liberação do espaço do hospital Manoel de Abreu, mas que se a liberação não sair, é uma possibilidade.

A usuária do serviço, Luana, salientou a importância de que a escolha do local para o prédio seja estratégica, sendo impossível no terreno localizado no bairro Isaura Pitta Garms pela localização distante, o que dificultaria a procura pelo serviço. “Não adianta colocar no Isaura, porque nós vamos perder vidas. Não estamos falando de prédio, estamos falando de vidas, não adianta construir longe”.

Encaminhamento

O vereador Pastor Bira adiantou que vai envolver outros deputados estaduais para que haja maior rapidez na liberação do projeto por parte do governo.