Ampliação de agentes, terceirização do controle em pontos estratégicos e repelente em unidades de urgência estão entre estratégias da Saúde contra a dengue

- Vinicius Lousada

Ações e planejamento foram apresentados a comissão parlamentar, em reunião realizada no Plenário da Câmara, nesta terça-feira

Em reunião convocada pela Comissão de Saúde da Câmara de Bauru, o diretor do Departamento de Saúde Coletiva, Mário Ramos, apresentou, na manhã de hoje (12/11), ações que têm sido ou serão tomadas pela administração municipal, com o intuito de evitar, para a temporada de calor e chuva que se aproxima, nova epidemia de dengue, na gravidade da registrada em 2019, com 26.007 casos e 39 óbitos.

Os trabalhos foram conduzidos pela presidente do colegiado parlamentar, Telma Gobbi (Solidariedade). Também participaram os vereadores Sandro Bussola (PDT) e Chiara Ranieri (DEM), além de servidores da Secretaria de Saúde da Prefeitura.

A boa notícia é que o índice do LIRAa – que mede níveis de infestação do mosquito Aedes aegypti – apurado no início do quarto trimestre deste ano foi de 1,1% (perto do patamar considerado satisfatório, de até 1%). Em 2018, meses antes do ápice da epidemia, havia sido apurado em 3,7%.

Mário Ramos explicou que as ações de prevenção nos últimos meses focaram as regiões Noroeste e Sul de Bauru, que correspondem a 69% dos casos no último surto.

O número de ações dos agentes de endemia cresceu de 278.807 (ao longo de todo o ano de 2018) para 327.849, de janeiro a setembro deste ano. Deste montante, 265.109 estão relacionados a bloqueios em imóveis, o que inclui a aplicação de larvicida.

Mais agentes

O diretor pontuou ainda que houve o aumento de 119 para 148 do número de profissionais da categoria. Há a perspectiva de envio, ainda em 2019, de Projeto de Lei à Câmara Municipal visando a ampliação deste efetivo para 219 agentes – teto de financiamento do Ministério da Saúde para Bauru.

Neste sentido, Mário Ramos lamentou o fato de o Estado de São Paulo não enviar recursos para ações de combate à dengue. Segundo ele, 33 % do dinheiro vem da União e 67% está vinculado a receitas próprias do município.

Terceirização

Até o primeiro bimestre de 2020, a Saúde pretende terceirizar o serviço de controle de criadouros nos chamados pontos estratégicos – depósitos de pneus e de recicláveis, funilarias, cemitérios, transportadoras, rodoviárias e áreas de ferrovia, por exemplo.

A ideia é tornar mais efetivas essas ações, consideradas prioritárias, e aumentar o número de agentes no contato direto com as comunidades.

Mário Ramos falou ainda sobre a aquisição de um novo tipo de larvicida – mais eficaz e ambientalmente seguro: Biológico BTI.

Controle semanal

Também para o início do ano que vem, está prevista a instalação de ovitrampas – armadilhas e baixo custo que ajudam a evitar a proliferação de novos mosquitos e possibilitarão o monitoramento semanal de índices de infestação.

Repelente

Mário Ramos falou sobre o plano de instalar dispensadores com repelentes de longa duração nas cinco unidades de atendimento de urgência e emergência da Secretaria Municipal de Saúde – Pronto-Socorro Central e UPAs Bela Vista, Geisel, Mary Dota e Ipiranga.

O gestor reconheceu que a iniciativa custa caro, mas pode evitar o contágio de pacientes que não estão infectados com o vírus da dengue durante o período em que estarão nas unidades em contato com outros, com este diagnóstico, caso haja a circulação do mosquito transmissor nesses locais.

Educação

As ações ligadas a educação e articulação, por exemplo, com imobiliárias em razão dos imóveis fechados sob a responsabilidade dessas empresas, também foram elencadas pelo diretor do Departamento de Saúde Coletiva.

Os parlamentares presentes reiteraram a importância dessas ações, especialmente nas escolas, em razão do poder que possuem as atividades lúdicas para a conscientização deste público e consequente sensibilização de seus responsáveis.

Telma Gobbi enfatizou ainda a necessidade de que todas as ações apresentadas sejam divulgadas, não necessariamente no âmbito do marketing. “Elas precisam chegar aos bairros, à população. Esse trabalho não está sendo visto. Tenho certeza de que tudo isso custa menos do que os R$ 10 milhões que foram necessários para combater a epidemia. Mas as ações não podem ficar no papel”.

Nesse sentido, Sandro Bussola ressaltou a importância de que a linguagem da comunicação seja adequada.

Chiara Ranieri, por sua vez, destacou que as estratégias elencadas são diferentes das que vinham sendo executadas até então, o que, em sua avaliação, é fundamental para que os resultados sejam também diversos.